A POLARIDADE
Dava o que tinha
Recebia o que não tinha
E o discernimento, se vinha
Temia sobretudo a penumbra
A luz a mucosa é que atraíam
E sucos umedeciam os lábios
Como para tomar-lhe o gosto
Colhendo somente o sabor fluído
Com a ponta da língua em círculos
Depois era saliva na boca derramada
Gota a gota pelo céu da boca
Pelas gengivas, pelas bochechas
Energia líquida que brotava
Palpitante e descompassada
Na medida do pulso e do ventre
Agitando tudo ao redor a mente
Pelo tempo que o tempo dura
Agora bem de perto, e pela frente
A fervilhar no afago pelas mãos
Um intervalo de caminho descoberto
(Miguel Eduardo Gonçalves)
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