FATAL
Me apraz em meio à noite contemplar
Por entre o vaporoso do perfume
Teu seio que me pisca vaga-lume
E os olhos vão pousando a vacilar
Aonde irão as mãos se demorar
Que entregue em tanta sede e muito ardume
Teu corpo não se furta do queixume
Da febre do desejo o despertar
Um frêmito contrai a calma face
E um líquido de mim rebenta em gotas
Qual vindo de penhascos em avalancha
Te deixa uma amazona que sonhasse
Galgar essa cadência só de botas
E fosse assim vestida para a cancha
(Miguel Eduardo Gonçalves)
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