A Garganta da Serpente

Marisa Bragalia

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ANTES QUE A BOMBA ESTOURE...

Não sei se daqui a instantes
Não explodirá sobre minha cabeça
Aquela bomba poderosa que foi inventada
Para matar inimigos que não são meus inimigos,
Para destruir alguma coisa que eu não acho errada.
Quem sabe se daqui a instantes
Não matarão sonhos e ilusões de crianças, jovens e velhos
Que se abrigam debaixo deste sol
E contemplam essas nuvens e esse luar que também é meu.
Quem sabe se daqui a instantes cairá sobre meu pensamento
Uma forte rajada de solidão e medo, fazendo de mim
Alguém inferior, impossibilitada de ir à luta
E não solidária às relações humanas por achá-las frias
E enfadonhas.
Quem sabe se daqui a instantes
Não serei eu a gritar pela paz em todos os continentes
E estender a mão aos desabrigados e aos que abrigam
Aos desconsolados e aos que consolam
Aos condenados e aos que condenam.
Quem sabe não serei eu a falar de CRISTO
E dizer a todos que deveriam apenas darem-se as mãos
Antes que a bomba estoure meus ouvidos
E faça mudos os meus pensamentos impossibilitando minhas ações
Antes que a bomba me faça empurrar meu irmão ao precipício
E eu não saiba o porque de aqui estar.
Antes que a bomba estoure...

(30.04.82)


(Marisa Bragalia)


voltar última atualização: 29/06/2005
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