Açúcar amargo
Diziam os antigos
Que o doce do açúcar
Vem do canto dos negros
Não atrevo-me
A dizer de onde o doce vem
Mas todo açúcar traz consigo
A brancura de entre dentes
Dos negros cativos
Amargos de sol
E a doçura bendita
É melodia amarga
Na lembrança do negro
Das fazendas de engenho
Das senzalas e moendas
Suas crias, seus de nada seus
Negros luzidios, ébanos de benguela
Negros cativos
Amantes de brancas senhoras
Negros cantantes
Cortando a cana em canto
De quem arrebenta grilhões
(Marco Túlio Oliveria Reis)
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