Ode ao Bar
Bar, o que tens de tão interessante
Que mesmo que nada tenhas, és fascinante?
Ponto de encontro de espíritos cansados,
Suportas o bom, o velho e o desdenhado.
Refúgio das marginalizadas culturas,
Pensamentos dionisíacos o têm como estrutura.
Do vinho, suaves goles, enquanto a fumaça alivia meus pulmões.
Da mente embriagada, metafóricas exclamações!
A fraternidade se atenua em suas paredes manchadas
Marcas de tempos idos, memórias ali deixadas
Do desconfiado e trêmulo aperto de mão do desconhecido,
Tu és testemunha ocular do nascimento de um novo amigo.
Na prateleira ficam as alegrias e lamentos engarrafados.
Para alguns, felicidades; para outros, pesado enfado.
No cinzeiro queima o cigarro com gosto de nostalgia,
Trazendo as lembranças, as mensageiras da melancolia.
Eu te chamo de casa, templo ou ainda, refúgio do poeta.
Melhor esconderijo não há, não há sombra como esta!
Óh, grande palco de Baco e suas desnorteantes musas,
Nem melhor, nem indigno quem desta arte desfruta!
(Marcelo Belini)
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