A Garganta da Serpente

Manuel C. Amor

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

Colho Amoras

Procuro uma escrita intimista, pluri- colorida
magoada nas franjas da esperança de uma
alma vagabunda . A poesia é uma destilaria
ao vivo em Porto Covo.

José Gil

Colho amoras
nesta tarde quente de Julho dos rios secos.

É o gesto simples de libertar
a memória para pensamentos virgens.
Afugentar a solidão das solidões do meu rosto
cansado da vida violenta que violentou
o tempo dos lírios brancos.

Não tardará que a tarde se esvaia,
tingindo cores de fogo nos céus e mares,
urdindo espaços onde a lua
sorrirá o sorriso das amantes enjeitadas.

Espero-te nesta nova neoménia
para te cobrir de ouro, diamantes,
pérolas do novo poema em construção
inspirado
na seiva fecunda das virgens
vacilando no bojo das auroras,
e no fulgor das aves
que o tempo cobriu de silêncios.

Já não podemos cantar.
Deixamos de ser crianças.
Somos incapazes de criar estrelas
festejar a imensidão da pureza do tempo
verde, fértil, exaltado,
de sonhar lagos límpidos.

O orvalho tomou conta dos nossos corações.

(18-07-2005)


(Manuel C. Amor)


voltar última atualização: 07/08/2006
8304 visitas desde 01/07/2005
Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente