Colho Amoras
Procuro uma escrita intimista, pluri- colorida
magoada nas franjas da esperança de uma
alma vagabunda . A poesia é uma destilaria
ao vivo em Porto Covo.
José Gil
Colho amoras
nesta tarde quente de Julho dos rios secos.
É o gesto simples de libertar
a memória para pensamentos virgens.
Afugentar a solidão das solidões do meu rosto
cansado da vida violenta que violentou
o tempo dos lírios brancos.
Não tardará que a tarde se esvaia,
tingindo cores de fogo nos céus e mares,
urdindo espaços onde a lua
sorrirá o sorriso das amantes enjeitadas.
Espero-te nesta nova neoménia
para te cobrir de ouro, diamantes,
pérolas do novo poema em construção
inspirado
na seiva fecunda das virgens
vacilando no bojo das auroras,
e no fulgor das aves
que o tempo cobriu de silêncios.
Já não podemos cantar.
Deixamos de ser crianças.
Somos incapazes de criar estrelas
festejar a imensidão da pureza do tempo
verde, fértil, exaltado,
de sonhar lagos límpidos.
O orvalho tomou conta dos nossos corações.
(18-07-2005)
(Manuel C. Amor)
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