A Garganta da Serpente

Maíra Freitas

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Criatura, Criador

Um perfume excêntrico seu corpo deve exalar
Como que cheiro de poeta
Ou de Ilhas Canárias
Pimentas depositadas no pilão
Amasso com hortelã-refresco
Guarnição de poema
Personagem bela jamais deve comer no papel
Marcaria com gordura...
Deve transparecer o ideal, perfeito, correto
- A vida não é correta! - brada a protagonista rebelde
Teimosa, pausa minha obra para horário de almoço
Defendido pelo sindicato das personagens inexistentes
Invade minha página um cheiro ocre
De gás vazando do fogão
Que futilidade mais cotidiana!
Um zunido...
Dormes?
Colori minha página, não seja ingrata...
Você é a anfitriã
Não durmas antes do leitor!

Infelizes poetas...
Agora precisam argumentar até mesmo com suas criações
Elas querem seus direitos respeitados:
FGTS recolhido, horas extras, salubridade noturna
Mas te pergunto, criação devassa
E os meus direitos de criador, quem respeita?


(Maíra Freitas)


voltar última atualização: 18/11/2003
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