A Garganta da Serpente

Maíra Freitas

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

Cala

Onde está a palavra que me resume?
O poema que pune?
Vejo as sílabas com chibata
- Vem, me bata!
Elas não vêm...
Ficam feito estátuas
No morno do jardim
Tudo é belo e calmo
Mas nada cheira jasmim
A ré na contramão
Configura o espaço
Entre vida e morte
Só, a sorte se aproxima,
Língua não se rebate
Palavra não me sai
O poeta - pobre escravo -
Nada domina nessa mata
A floresta já se fez
A poesia se formou
Sozinha
A ladainha soa
Inseto voa
Pseudo-fruto
Do amanhã
O pergaminho
Repleto e vasto
Holograma do que não crio
Daquilo que fica
No caos
No chão
No ar
O poema, às vezes,
Não sabe falar.


(Maíra Freitas)


voltar última atualização: 18/11/2003
6406 visitas desde 01/07/2005
Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente