Minhas irmãs!
Dos renovos de uma árvore saudosa
Eu era o mais viçoso, e por mistério,
Dentre vós, o primeiro a dirigir-vos
Pelas sendas da vida, prometendo
Um futuro brilhante, imenso e belo,
Do talento, nas asa, adejando
Pelo espaço da glória à luz do estudo.
Um dia me dissestes: - voa, é tempo,
Vai colher para nós o ramo verde,
Da esperança, que em ti depositamos!
Foi um vôo arrojado; - ainda leves
Minha asas de crente, ao doce mando,
Como a pomba da Bíblia, desprendida
Das mãos do patriarca, arremessei-me
De lugar a lugar, de pouso em pouso.
De delírio em delírio, e... esqueci-vos!
- É que eu fui cerrar o vôo na noite escura
De um pensar mentiroso onde abismei-me!
Fascinou-me o cantar das fadas nuas
E o sorrir da mulher voluptuosa.
Na solidão dessa noite: - embriaguei-me
Nos festins que elas davam... profanei-me,
E dormi todo esse tempo!
Mas agora
Vosso irmão despertou cheio de nojo
Dessa vida sem glória que levava,
Volta o rosto ao passado e diz - mentira!
E erguendo até Deus o pensamento,
Quer convosco passar, seguir avante,
- Batedor que o Supremo destinou-vos
Nas florestas da vida até o futuro!
Lá, do norte, do lar, onde sentimos
Florecer-nos a vida aos mimos pátrios;
Este voto de irmão, de amigo eterno,
Acolhei, que minh'alma vos envia!
(Lycurgo José Henrique de Paiva)
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