A Garganta da Serpente

Luiz Fernando Furlan

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Ele grita, sinto o som ecoando dentro de mim,
estremecendo minh'alma e calando,
justo a mim, cuja voz é a munição.
Porque, sendo parte de mim,
gritando aos quatro ventos, cessa-me as palavras,
e apenas eu o escuto e mais ninguém?
Porque dizes essas insanidades, que tantas vezes me fizeram chorar,
e quase nunca rir?
Ah, se você pudesse escuta-lo!
Seus versos perfeitos,
declamando com exatidão o que sinto por você...
Versos sorrateiros alimentando o que de mais concreto eu tenho,
a esperança.
Às vezes o amaldiçôo, por calar-me...
Outras o bendigo,
pelos sentimentos que outrora havia perdido.
Outras ainda o consolo,
pois sinto as lágrimas surgirem,
anunciando à todos o que sinto.
Não o condeno, Porque sei que sofres também.
Sofre Porque é covarde!
Me concede a permissão de proclamar as palavras que se encerram em meu peito
à ela!
Sinto o sangue a escorrer de suas chagas em forma de lágrimas!
Mas nada posso fazer...
As cicatrizes serão eternas,
mas apenas eu as verei.
E sempre, sempre que meus pensamentos voarem em sua direção,
elas ressurgirão sem a menor piedade trazendo consigo meu pranto silencioso.
E como analgésico, tenho a esperança, mas já não é suficiente...


(Luiz Fernando Furlan)


voltar última atualização: 19/04/2004
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