A Garganta da Serpente

Luiz Fernando Niquet

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Outros meios de se ter

E o vinho se faz lama,
Seu gosto funéreo se faz sentir
Outra vez na minha garganta,
Quando o álgido calor dessa chama
Me tomou a alma e me fez sorrir
Um sorriso pútrido que me espanta

A sua visão me emudece,
Sua alacridade insulta minha alma
Tão tímida, seca e morta
E esse amor que agora desaparece
Quase me faz perder a frágil calma
Tão falsa, cínica e torta

Com outro em seus braços
Agora repete palavras tão vis
E cruéis como as que me dizia
Porém longe dos seus traços
E de seus gestos tão gentis
Vejo que, na realidade, mentia

Mas insiste em me seguir,
Como se não bastasse minha dor
Impede então minha alegria.
Porque não me deixas sorrir
Se agora sei quão falso era o amor
Que por mim você sentia?


(Luiz Fernando Niquet)


voltar última atualização: 30/04/2000
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