A Garganta da Serpente

Luiz D Sales

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Ferrovia

Lá foi o trem
A ferrovia
Os homens
Num garimpasso
Transformaram sucata
E aço corroído
Virou salário
Virou comida
Até trabalho
Lá foi o trem
Para usina do aço
Já não ouço apitar
Nas curvas vazias
Onde a mata fechou
O povo invadiu
Loteamento formou
Na espinha dorsal
Encravada na serra
Apodrece no solo
O esqueleto vazio
Arrancada por completo
Nem os pregos ficaram
Nas pedras soltas
Sobraram mordentes
Da cor do carvão
Historias inexatas
Quem levou foi o trem
O gigante de aço
Atravessou a retina
Nas águas dos desejos
Em relampejos de sonhos
Naquele norte ainda vejo
Minha infância segue
Na longa curva se vai
Sem o apito do trem


(Luiz D Sales)


voltar última atualização: 25/02/2010
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