Perguntas e mais perguntas.
Do que é feita a confiança cega?
Do sorriso lúgubre da ajudante do lançador de facas?
Do que é feita a liberdade plena?
Do nado do bebê que nada, mesmo sem saber quase nada?
Do que é feito o egoísmo cândido?
Dos cães que ao invés de devolvê-la somem com a bola?
Do que é feito o esquecimento singular?
Das feridas que não suturamos e nunca vão cicatrizar?
Do que é feito o silêncio ininterrupto?
Do instante subseqüente ao barulho ensurdecedor?
Do que é feita a dúvida efêmera?
Das perguntas: Do padre e do Juiz; Aceita? Assina?
Do que é feito o neon noturno?
Da presunção em querer ser o maior dos vaga-lumes?
Do que é feito o pânico compartilhado?
De vários pequenos medos misturados?
Do que é feita a calma aparente?
Da face árida de um condenado a morte?
Do que é feita uma ação altruísta?
Da coragem intrépida dos que sabotam pesqueiros?
Do que é feito o remorso tardio?
Da iniciativa precipitada de quem diz adeus?
Do que é feito o ascender verde dos semáforos?
Da pressa constante dos que vem atrás de nós?
Do que é feito o "você não morre mais"?
Da telepatia inexorável ou da simples intuição?
Do que é feita a dança das borboletas?
Do ensaio sincrônico com o ar em movimento?
E do que é feito o vento?
Enfim, do que é feito o fim?
(LuizC)
|