A Garganta da Serpente
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Perguntas e mais perguntas.

Do que é feita a confiança cega?
Do sorriso lúgubre da ajudante do lançador de facas?

Do que é feita a liberdade plena?
Do nado do bebê que nada, mesmo sem saber quase nada?

Do que é feito o egoísmo cândido?
Dos cães que ao invés de devolvê-la somem com a bola?

Do que é feito o esquecimento singular?
Das feridas que não suturamos e nunca vão cicatrizar?

Do que é feito o silêncio ininterrupto?
Do instante subseqüente ao barulho ensurdecedor?

Do que é feita a dúvida efêmera?
Das perguntas: Do padre e do Juiz; Aceita? Assina?

Do que é feito o neon noturno?
Da presunção em querer ser o maior dos vaga-lumes?

Do que é feito o pânico compartilhado?
De vários pequenos medos misturados?

Do que é feita a calma aparente?
Da face árida de um condenado a morte?

Do que é feita uma ação altruísta?
Da coragem intrépida dos que sabotam pesqueiros?

Do que é feito o remorso tardio?
Da iniciativa precipitada de quem diz adeus?

Do que é feito o ascender verde dos semáforos?
Da pressa constante dos que vem atrás de nós?

Do que é feito o "você não morre mais"?
Da telepatia inexorável ou da simples intuição?

Do que é feita a dança das borboletas?
Do ensaio sincrônico com o ar em movimento?

E do que é feito o vento?
Enfim, do que é feito o fim?


(LuizC)


voltar última atualização: 23/03/2009
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