RETROSPECTIVA
Acotovelado na janela
da frente,
que dava prá rua
da velha casa,
à calçada rente,
nas passadas das gentes,
o menino via o mundo passar,
passando à frente dos olhos,
hoje, só vê
o que foi, o que era.
Não
importa se a cena é bonita,
Colorida,
movimentada,
Caprichada
na apresentação.
Importa,
sim, que viu
E
reviu, com os olhos
Abertos,
observadores,
Aquilo
que hoje nem pagando
Preço
caro, de novo vai ver.
Eram coisas singelas,
Tipo enxurrada correndo
Pela sarjeta da rua
De terra batida, onde recendia o cheiro
Do capim mimoso do terreno
Ao lado da casa de taipa
que tinha a janela da frente
bem na calçada, prá ver bem de perto
as caras passantes.
Prá
ver bem de perto
A
boiada passando ao som do berrante
Do
vaqueiro esperto,
Que
vinha à frente
Em
pose rompante,
Ao
lado do cachorro, guarda do lado,
Dos
bois segurança.
Dessas cenas todas hoje ficam,
A imagem da rua de terra batida
E o cheiro do pó levantado,
Pairando no ar, por muito tempo...
Até hoje.
(Luiz A. Bonini)
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