FIM
Passaram-se os anos
Envelhecemos
Outros remoçaram e não viram tudo que existiu
Outrora, e mal discernem.
Nas varandas
As borboletas de louça que adornavam a parede
Sem bater asas voaram
Não se sabe pra onde.
A corrente elétrica veio e tirou o coador
Que preparava nosso café poético
Descombinado, mas rotineiro.
Mal sabemos o caminho da roça
Subiram de nossos pés às idéias
o esterco que pisáramos.
Tudo mudou
E não há um rastro de humanismo
Um pingo de amor!
A crueldade abasteceu a lavoura
E a saborosa mexerica
Chega com gosto de inseticida
Traz divisas
Paga dívidas...
Isso também se dá com o feijão
E o arroz.
A goela fica ferida
A voz cala-se
A prosa termina
O café até acaba
E a Poesia, suicida-se.
(Luiz Eduardo)
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