A Garganta da Serpente

Luiz Eduardo

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FIM

Passaram-se os anos
Envelhecemos
Outros remoçaram e não viram tudo que existiu
Outrora, e mal discernem.

Nas varandas
As borboletas de louça que adornavam a parede
Sem bater asas voaram
Não se sabe pra onde.

A corrente elétrica veio e tirou o coador
Que preparava nosso café poético
Descombinado, mas rotineiro.

Mal sabemos o caminho da roça
Subiram de nossos pés às idéias
o esterco que pisáramos.
Tudo mudou
E não há um rastro de humanismo
Um pingo de amor!

A crueldade abasteceu a lavoura
E a saborosa mexerica
Chega com gosto de inseticida
Traz divisas
Paga dívidas...
Isso também se dá com o feijão
E o arroz.

A goela fica ferida
A voz cala-se
A prosa termina
O café até acaba
E a Poesia, suicida-se.


(Luiz Eduardo)


voltar última atualização: 17/06/2010
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