A Garganta da Serpente

Luis Melo

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Adensar

Uma eminência qualquer
talvez, pendente
mas que não entendo.
Aqui no extremo desfeito
de um paredão
mais se adensa a névoa
e menos ouço
o reverberar da sirene.
Ao apelo de terra
o mar não responde
e eu limito-me a saber
do ranger dos passos
entre escombros
e da decrepitude absurda
de um silêncio encastrado
nos meus ossos.
Fecho os olhos e
muda o cenário e a cena:
Estou agora numa esquina
numa espera enguiçada
por quem me acenou
e me disse que esperasse.
Claro! Sempre o Luar
esse que passa tão ao longe
e me deixa, invariavelmente,
no vestíbulo de um temor.
À esquina
ou no extremo decrépito
do paredão, luz...
só a da noite.
E, a este ser e estar de
personagem concircunstante,
eu forneço uma chávena
de estupefacção
espontânea e legítima.
Corporizo-me
num sentir de sombra
e de verdade isolada
e, sim!, bacoca
de cada um ser, de resto,
para o que nasce.


(Luis Melo)


voltar última atualização: 14/09/2004
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