Palavra (4)
O poeta
escreve o pecado
que o redime;
assim mesmo,
busca a salvação
que o condena.
Algo disto
persiste, oculto,
no quanto se expõe
a aura de um poema.
O poeta inventa
em cada linha
um instante único
num processo,
e almeja para si
o novo propósito
do regresso
a não ter destino.
Frequentemente
o poeta
é esse retorno;
terá o sentido
do abortar da fuga
e a razão de ser
de um caminho.
(Luis Melo)
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