O BELO FEMININO
És tu, beleza, a cortesã primeira,
És tu quem desce sobre o corpo dela
No dia em que era esplendia donzela,
E que a fizeste tua prisioneira.
Tu, não ela, tu és a verdadeira
Prostituída e vil: és tu quem gela
E mata d'alma a candidez singela,
Tu, beleza funesta e traiçoeira.
Por que não vestes só as almas castas?
Por que não deixas tu as almas mortas?
Por que não vais às regiões mais vastas?
Por que não foges para os céus? Suportas
Esses anjos sem luz, e não afastas
Quem vai bater ao céu de suas portas!...
(Luís Delfino)
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