A Garganta da Serpente
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Doce Tentação
Suave Término

Como que uma sombra
Veio e parou diante de min
Negra. Mostrou-me coisas
Coisas que jamais eu queria ver
Ensinou-me coisas que jurei nunca aprender
E deu-me algo que tento não aceitar...

Fechado dentro deste corpo
Tento libertar as minhas asas
Mas a saudade prendeu-me ao passado
Choro todos os dias
Choro com saudade e angustia

Então fujo e fecho os olhos
Tento começar de novo
Quando os abro de novo
Parece-me tolice o meu sofrimento
Acho que ninguém tem de sofrer assim
Então vou e busco algo ou alguém
Alguém que me faça feliz
Mas a ânsia da busca
Leva-me a aceitar o que não quero
E penso...
Finalmente encontrei alguém que gosta de min
Contente e iludido vou passando os dias da minha vida
Até que me lembro que estou a fazer alguém feliz
Mas que esse alguém não sou eu...
Ai paro e escuto o que me antes me prenunciaram
" Nunca irás ter capacidade para Amar, sem que primeiro
te Ames a ti próprio e esqueças quem não te Amou... "

Certo do que quero, paro tudo e volto de novo á solidão
Esperando com saudade que os dias mudem e que eu possa voltar a Amar
Aqui me mantenho por mais um tempo até que deixo de aguentar
E volta tudo ao mesmo ciclo que tinha acabado

Deixado de parte como que um anjo caído
Vagueio pela vida ao sabor da tua vontade
Aprendendo sozinho com a solidão
Pois também essa é um grande mestre
Mas apenas te mostra um caminho sem retorno

Sozinho e com os sonhos desfeitos
Vou-me embora e pouso as minhas armas
Que um dia eram mágicas
Olho para trás e vejo-te passar
Lembro-me do tempo em corrias na minha direcção
De braços abertos e com os olhos a brilhar
Era uma altura em que aceitavas a vida
E dela tiravas o melhor
Momentos irrecuperáveis que passamos
E que apenas nós os podemos realizar de novo
Pois alguém nos juntou a fogo e lágrimas para sempre

O menino viu-se obrigado a crescer
E a tomar decisões na vida
Então com muito esforço
Abriu uma pontinha do coração
E escondeu lá dentro a essência de quando era feliz
Para um dia mais tarde poder recorrer a ela
E se lembrar então do menino que ainda poderá vir a ser

Protegido pelo gelo que o abraçou
Vai voando de sonho em sonho

Dentro do quarto
Junta um castelo de cartas
Mas deixa um pontinha sem nada
Faz as malas e vai lá para dentro
Ai olha o céu e vê as estrelas a brilhar
Brinca com os amigos
E ouve as historias mais tarde ao deitar

Sente-se bem
Agarra num baralho de cartas
E fecha a pontinha do castelo por onde entrou
Começa uma vida nova num novo sonho

Se nos derem a escolher em viver em angustia
Ou viver na ilusão de um sonho e ser feliz
Então que nos deixem ser feliz

Sem mais Amor próprio
Lanço-me aos desejos da vida
E morro como apenas mais um
Que não teve a sorte de ficar com a pessoa que ama...

(terça-feira, 10 de Dezembro de 2002)


(Luis Daniel David)


voltar última atualização: 11/12/2002
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