A Garganta da Serpente

Lugo de Paula

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SEUS QUADRIS

Eles dançam elegantes sob a saia justa,
Invadindo a contra luz do sol poente.
Fazem um redemoinho pela passarela,
E assim se permeiam por entre lençóis.

Nos últimos tempos tem te conduzido,
Nada de novo existe entre eu e você.
Nada que não seja essa sua andança,
Apenas essa dança com tanto frenesi.

E quem acompanha os seus passos,
Afastando a tristeza num repente de luz.
Sacode a poeira no balançar das sandálias,
O amor lisonjeiro te afoga em carícias.

E dança uma salsa te faz saliente,
Atiça-te a libido desperta a paixão.
A vida é mesura estonteante e linda,
Em tempo de saudade não a deixa chorar.

Se a sua candura nos alenta ao desejo,
Sentirão que seu beijo é doçura do mel.
E ninguém vai dizer que não ti viu por ai,
Embalada no vento no bamboleio dos quadris.

Mas quem dera assim ficasse entusiasmada,
A criança de outrora refloresça de novo.
Poderão atender seu lacônico suplício,
A fragilidade do vício de querer só você.

Enquanto as estrelas vão salpicando seu rosto,
O choro comovido vai ser em ti o delírio.
Das lembranças que alimenta essa conjectura,
Fica apenas as marcas do seu caminhar.

Por ter a certeza de que tudo termina,
Recita cada verso que te dei de memória.
Visando quem sabe alcançar o juízo,
A liberdade presente no instante final.


(Lugo de Paula)


voltar última atualização: 24/04/2008
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