A Garganta da Serpente

Ludmila Barbosa

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IMENSO MUNDO

Que se forme em mim a terna face
O imenso desfiladeiro
Aquela escuridão sem fim que anela pela luz
firme e clara a me dar coragem
Porque hoje, meus amigos, sou mais humana
Hoje eu me rendo aos despejos e murmúrios vizinhos
Hoje eu sofro
E as lágrimas circunspectas de meu rosto
Vaza deliberadamente pela seca
E faz brotar um mísero sinal de vida.
Deixe que venham até mim os vulcões furiosos
Os tornados e seus tormentos
Qualquer desprezo ou angústia anunciada
Porque hoje sou mais mulher
Hoje aprendo a viver
E meu Deus, dói
como a mágoa de um amor recém perdido
como a despedida brusca e inesperada
Dói, e é exatamente assim que deve ser
como uma busca constante à poesia ausente
ao amor não encontrado
à paz retificante e morna
a tirar o frio no cair da noite.
Deixe que venha tudo
Todos os trovões e seus lamentos
Que o mundo caia sobre mim
Para que eu sinta algo além dessa dor
Além desse sofrimento que parece nunca ter fim.
Deixe, deixe vir
Porque hoje, EU SOU
E isso me rasga sem compostura em mil pedaços
como uma desgraça capaz de atingir o próprio mundo
O mundo imenso. Imenso mundo.
Deixe vir, para que eu saia de mim.


(Ludmila Barbosa)


voltar última atualização: 25/02/2010
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