A Garganta da Serpente

Ludmila S.

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Ah...meu amado...
Como eu queria poder guiar teus dedos leves
para que pudessem perceber minhas texturas,
num exercício instigante de audácia e descobertas...
E viajar por teu corpo, repleto de complexos itinerários
Repleto de roteiros secretos,
Vales, escarpas, cordilheiras, istmos.
Para, nele, descobrir um novo mundo, lentamente...

Então, fecho meus olhos e começo a travessia:
Às vezes eu naufrago. Outras, flutuo,
guiada por algo que já não é, apenas, o instinto...
Ah....quantas rotas teu corpo me permite...
Quantas abstrações, quantos pulsares, quantos delírios.
E arrepios que me habitam na tua ausência..
E andorinhas que me roçam a pele...

Movo-me por teu corpo
marcando meu caminho feito um lagarto.
Feito um besouro sobre a areia fina.
Feito um caramujo.
Por onde eu passo, deixo um indelével rastro e odor de lírios.
Ora eu latejo em ti, beijafloreio... ora me reflito em signos de assombro e luz
E em luas de marfim me perpetuo...
E deixo que floresçam em nós, quaresmas e ipês.

Ah...teu corpo imerso em delimites....
Quero trazê-lo inteiro, imantado em mim.

Navego por teu corpo de carne, ossos e espanto
cumprindo meu percurso, minha história.
O coração de flechas trespassado.
Doido coração...Doido e doído, corroído por saudades tantas que em ti,
de ti eu sinto, entregue à paixão de ser o teu destino.
De ser para ti a carne transmutada em verbo vivo,
que se transforma em terra e em pão.
E nos envolve leve, feito um sudário...


(Ludmila S.)


voltar última atualização: 04/08/2008
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