A Garganta da Serpente

Ludimar Gomes Molina

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NÃO CREIO NAS BRUXAS......

Não posso contar com meu sonho.
Ele é ateu. Não acredita nas suas realizações.
Não é suscetível às emoções.

Vivi um terço de minha vida com o terço na mão.
Não vivi nem a metade do que poderia ter vivido.
Tudo isso porque meu sonho é ateu.

Tornei, então, macabros os meus rituais.
Rezei sob cristais.
Fiz vigília em frente ao paraíso.
Quis ter o que por direito era meu.
Mas, meu sonho era ateu e tudo isso foi em vão.

Coloquei minhas mãos na cruz.
Coroei de espinhos o meu reinado.
Tentei me livrar de todos os pecados.
Enquanto isso meu sonho adormecia.
Não lhe importava ser noite ou ser dia.

Quis adormecer também. Para sempre, mas me acovardei.
Meu código de ética deturpei
Mandei às favas todas as leis.
Assassinei meu sonho.
Joguei seus restos mortais ao vento, mas eu caminhava contra ele.
E ao me sentir sem sonho, "sem lenço e sem documento",
                       tornei-me um alvo perfeito para o vento.
Ele soprou com tanta ira, e eu, pensando ainda ser mentira,
                       vi as cinzas do meu sonho se voltando para o meu lado
E nesse instante eu morri sufocado.


(Ludimar Gomes Molina)


voltar última atualização: 09/10/2008
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