A Garganta da Serpente

Luckka

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

UM BARCO E EU

(Ao Ganges)

Um barco marulha as águas levemente
Embalando curiosidades, suspiros e olhares
Luzes se exibem das mãos de homens e mulheres
Enquanto Caronte ri das almas que estão no barco.

Não há apenas um outro lado para os passageiros
Há trilhas e mentes diversas que se entreolham no nevoeiro
Pensamentos dispersos, ciumentos e inquisidores
Buscando lugares e olhares inexistentes em meio as flores.

Flores que pairam no ar, oferecidas pelo amor
Esquecendo-se de si para enfeitar criatura e criador
Levam consigo lamparinas que se fazem sol
Enquanto o amanhecer não chega trazendo seu calor.

O barco segue flutuando e o silêncio domina nossos olhos
Até que o repente de um brilho fura o céu
Risca nossos corpos com seus raios exibindo nova paisagem: homens
Se banham nas águas cobertas pelo azul e brilhante véu.

Conversas começam mudas e alardeiam vozes
Que irrompem a cada lado, enquanto barcos navegam
Carregando pedras coloridas e anseios velozes
Vidas que vendem e compram apenas o que há para vender.

Ficaram as flores, as lamparinas brilhantes que se apagaram
Ficaram os homens, ficaram as águas sagradas
As pedras, Caronte e os que está levando
Ficou um pedaço de mim naquele sol se levantando

Sol que se ergueu e me cegou majestosamente
Porque ainda não compreendi seu brilho
E os raios me fulminando com a pergunta inquieta
O que você está fazendo aqui, não teria um barco diferente?

Ainda busco a resposta...


(Luckka)


voltar última atualização: 24/07/2008
10653 visitas desde 24/03/2006

Poemas desta autora:

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente