A Garganta da Serpente

Lúcia Schinzari

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E minha flor murchou, morreu.

E, minha flor murchou, pereceu, morreu...

Que pena!

Eu gostava tanto dela, cuidava dela...

Tá certo, não era todos os dias. Mas as vezes eu jogava água, regava e até
adubava, da minha maneira eu cuidava dela legal.

Às vezes, quando a vida me era ingrata, eu ficava brava também com ela

Mas de uma coisa eu tinha certeza, ela estava lá

Bastava esticar as mãos para tocá-la.

É, mas ela morreu, pereceu murchou e sumiu.

E eu que acreditava que seria eterna.

Me enganei, que pena ela não era

E como era linda a minha flor, tão forte, serena, sábia, mas se foi...

Fico me perguntando, o que faço sem ela?

Me sinto perdida, triste, sem referência

Será que eu devia ter jogado mais água?, regado mais, adubado...

Sei lá, só sei que está difícil esta dor, que vem, tranca minha garganta,

E as lágrimas sem me pedir licença, ou respeitar onde estou ,brotam dos meus
olhos

Chegam quentes, incontroláveis e por mais que eu as sequem elas brotam dos
meus olhos sem tréguas

Sem piedade, insistem em banhar meu rosto

É, minha flor morreu

Se foi sem pedir licença, sem me comunicar, sem se despedir, apenas foi
embora, para sempre.

E eu, será que não pensou em mim?, será que não sabia que ia me magoar.

Pois é, o pior de tudo é que não vou encontrar outra igual. Ela era única.

Mas será que se eu fizer um esforço, não vou achar outra?

E me respondo, duvido, existem outras belas, cheirosas e até fortes.

Mas como minha flor.... não, não há, nem haverá outra igual.

Eu olho para todos os lados e não consigo vê-la. Não há vestígios, ela
realmente se foi, pereceu, morreu...

Mas que tola sou eu, de repente me dou conta.

Que burra sou eu! Ela não morreu, não pereceu, não murchou.

Ela está viva, ela sou eu e viverá dentro de mim, em cada gesto, cada
ensinamento, em cada palavra

Viverá em mim para sempre, através de meus filhos, dos filhos dos meus
filhos e assim será.

Que tola sou, não enxerguei as sementes que deixou, todas germinaram e deram
frutos e esses frutos

Darão mais frutos, que darão mais frutos e por tanto jamais perecerá,
acabará ou morrerá

Você Mãe, minha única e mais maravilhosa Flor jamais morrerá

 

De sua filha que sente muito a sua falta


(Lúcia Schinzari)


voltar última atualização: 18/03/2005
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