A Garganta da Serpente

Luciah López

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

VENTO RASGA_DOR

Vento rasgador, vem e sopra na minha boca
O teu hálito de vida e morte
Retira do tempo, o futuro e o passado
E transpira as mágoas
Encobertas
Nas dobras dos meus olhos.
Crave na minha pele as tuas garras de marfim
Enquanto o sol redescobre o céu
Desenhando constelações
De auroras boreais.
Faça cirandas em volta dos meus pensamentos insanos
Insanos pensamentos! [insanos...]
E amarre os cabelos no fogo
Fazendo nós, diante dos meus olhos e
Aprisione o meu olhar fugidio
Na brancura dos ossos que estalam
A cada sopro teu.
Vento rasgador, açoite o meu corpo
Exponha as minhas feridas, lavra e semeia
Ardências na carne mansa
Traga-me o sal que brota da tristeza
De quem se consome
Soprando o perfume das meretrizes
O suor dos mártires
A lágrima dos infelizes
Aliviando a culpa dos pecadores
Apagando o rasto da serpente...
Vento rasgador, vem e sopra as horas
Que renascem do silencio das madrugadas
Fazendo eco no céu da boca
Que profana o amor
Com um beijo de ácido fel.


(Luciah López)


voltar última atualização: 30/12/2009
9205 visitas desde 16/03/2008

Poemas desta autora:

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente