A Garganta da Serpente

Lucia Constantino

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CORDILHEIRA

Nômade, peregrina...devasso os caminhos
tentando ir ao encontro dos deuses desarmados
em seus nichos.
Queima o oxigênio do coração.
Camarada - me dizem,
ouve o aviso dos habitantes.
Longas, cheias de armadilhas
são as trilhas nessa ascensão.
As interrogações me perseguem.
Não quero subestimar o passo irretocável
de minha alma. Sei do pináculo exposto
aos olhos vermelhos de quem chegar.
Tenho apenas uma pequena noção
da luz que levo nessa candeia.
Arreio os animais dos sentidos
para poder prosseguir em marcha
ao cume do sonho,
com um séquito de mil poemas.
Não - não são suficientes. Sei disso.
Porém chegarão antes de mim
a esse país que não conheço.
É difícil distanciar-me
desse cerimonial de mãos vazias
e de todos esses rostos que desconheço.
Mas estou de passagem
entre o céu e minhas vestes.
Entre essas estrelas e essas brumas.
O que me persevera é esse fascínio de luar
dentro da noite, quando esqueço
do meu baú de mapas interiores
já esvaecidos.
Sons de violinos rochosos
respiram o mesmo ar que eu
e os acompanho, desavisada,
em minha ilusões.
Ao amanhecer, diviso
meu fiel escudeiro
- esse rio congelado
onde deixei ancorado o coração.


(Lucia Constantino)


voltar última atualização: 17/10/2008
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