Perspectivas
Envolto em olhares tristes,
enclausuro-me nas perspectivas
de circunstantes, transeuntes,
em traços de solitude e torpor.
Ao transpor os pontos limítrofes,
das ansiedades cuidadosamente
veladas,
fujo pelas vastas estradas,
que me conduzem às personalidades.
Vago em cidades, presídios,
onde a ilusão encontra pousada,
manhãs que descerram quimeras,
e geometrias que se desfazem
em pó.
Vejo os dias em suas extensas eras,
em tardes de deleite e abandono.
Sóis de sutis primaveras,
e ventanias de luares etéreos.
Em lances aéreos me atenho,
e me pego insone em anseios,
daqueles que ainda não vejo,
mas que onipresentes me chamam.
É noite, e por fim eles clamam,
e me pedem por apenas um beijo,
a saciedade de seus muitos desejos,
a catarse de seus vários instintos.
E então me pergunto o que sinto,
se tão só me apanho amiúde,
como obter a cumplicidade
de rostos distintos e dispersos.
É assim que lhes proponho
a saudade,
a minha vida em
meus versos,
a sensibilidade esquecida,
a minha utopia,
o meu sonho.
(Lucas Tenório)
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