E Então, João? ?E então, João? Agora deixa de lado essa conversa, Vê se há nesse país um dia Pula o muro, José, Drummond te enganou, Ô José, mulher? Mulher se está ali, aqui, Mas é preciso dar, José, Teve tempo pra te mandar beber, cuspir, Ele te escutou? Ah, certamente o tanto que escreveu, Ô José, caro José, Acaso temes que o poetinha Ah! Não há porta ou fechadura? Pois então, humana criatura! Uma noite fria e escura? José, ô José, ninguém, E outra: "Parede nua para se encostar", É José, Incoerência, ódio? E o que esperas, José, de quem te dá Flores? Um cavalo, Nem preto, nem branco Vais ganhar alguma guerra com ele, Pega mesmo o bonde, José, Vamos lá, José! É agora! Não? É, José... De utopia em utopia a gente Vai carregando, nos ombros, Um dia só, outro sem ninguém, Quem sabe amanhã até mal acompanhado? Sendo insistente, e com sorte, e de lado, aquele belo purgante da Valsa Vienense! Ah, mas que coisa impressionante! Seria esse coro, José, entre você e seus ausentes, É hora, José! Veste o terno de vidro! Põe fogo, bastante, Salva a pinacoteca, Deixe o ouro para trás, Pesa, e tá fora de moda. Bota é dinheiro - vivo, no bolso, Toma um banho, Toma um forte desjejum: E então, camarada? Ainda acreditas em sina? Você, Queres ficar aí, esquecido, em Minas, com todo esse desprezo? E com um chaveiro pra coleção? Não? Morrer, morrer o quê, José... E no mar? Vem é cantar, mineiro, e Frevo, Desiste, José, e vem comigo, conosco, Vem cá, amigo, vem no passo, Para onde? Hum...? Que tal no Recife? (Inspirado pelo poema "José", de Carlos Drummond de Andarde) (Lucas Tenório) |