eu sou
eu sou o vento leve
soprado há pouco
não temo em ser urgente
eu sou o princípio do temporal
não receio em destroçar-me
aguardam meu corpo as pedras
a chuva escorre dos meus olhos
eu sou o templo até a praia
o cinza e o roxo são minha ira
contra as coisas suaves
não me envergonho
em despedaçar jardins
sou reconstrutor
faço renascer com toda a leveza
espinheiros e rosas encantadoras
outros olhos me julguem ou
tenham-me por pernicioso e louco
que sejam estrelas meus gestos
eu sou o restaurador
confecciono luzes para fora
junto às sombras
versos preciosos e coloquiais
tragam as crianças
as tardes nos aguardam
vamos pelas curvas siderais
passear pelos prantos do sol
os anciãos sabem
eles conhecem bem
a dor de sorrir
quando a infância acordava
com pezinhos de relva
eu sou o que sabe fazer
solene silêncio
(Lucas de Grammont)
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