A Garganta da Serpente

Lucas Matos

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Exígua

Tenho poucos segundos de vida
minha alma:
esse acúmulo de dor,
resiste, mas como a flor
um dia deixará sua beleza.

Meu perfume não agrada mais
meus ciúmes são bobagens,
meu ser já não existe.

Pouco a pouco caio
em um quarto, de segundo nível,
pranteio, soluço, tenho pouco tempo
de vida.

Minha respiração acaba, sufocado
tento não gritar, e essa dor
que me parte, me sangra
como a todo homem amado.

Sou o oposto de mim agora
quase não me suporto, falho
não sou herói da vida
desisto.

Mas há alguém que me consola
ainda que eu chore angustiado
perdido, frustrado,
há uma mão que acaricia.

E nesta esperança meu corpo,
cansado, encharcado de lágrimas
exulta, e esse pouco tempo
parece não ter fim,
é como se me invadisse a mim,
e encontrasse descanso.

Nestes poucos segundos de vida.


(Lucas Matos)


voltar última atualização: 09/01/2009
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