A Garganta da Serpente

Lourival Silveira

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MINHA ALMA

Por todas as noites em que a lua brilha,
após um choro longo que o teu peito inunda,
procuras a cura da ferida profunda
que o teu coração transformou numa ilha.

Algo inatingível, pois não sei nadar,
e de tudo que hoje em dia vejo,
a única coisa que de verdade almejo
é contigo ficar e então te amar.

Pois se houve um dia em que eu era cego,
e que tanto mal causei a quem hoje amo,
agora choro perdi teu amor, insano. . .
a verdade é que agora te amo, não nego!

Pudera eu agora fazer voltar o tempo,
para o demônio que havia em mim expulsar,
ou agora as feridas de tua alma curar
mas como, se de mim não queres mais alento?

Em todos os dias em que o sol brilhava,
e me procuravas, eu lhe fugia...
e até quando a tormenta rugia,
você vinha me mostrar que me amava

E então eu, como tolo que sou,
matava dia a dia toda essa beleza
me divertia, você a chorar de tristeza,
agora sofro com o que em mim você deixou.

Porque te procuro e, se fé ainda tenho,
se das brumas do passado lembro algo perdido,
se penso que me amas, e estou arrependido
é então que te encontro neste velho engenho.

E assim, triste e jogado a um canto,
chorando magoado e remoendo o passado
é que eu sinto a falta que faz a meu lado,
volte, minha alma, e seque meu pranto.

(21/02/2003)


(Lourival Silveira)


voltar última atualização: 08/03/2005
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