A Garganta da Serpente

Lourdes Limeira

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O BICHO HOMEM

Sofisticou-se pacas
Ganhou duas outras patas
Se não está com elas, não sai à esquina
É uma triste sina!

Engraçado quando está descalço
É uma piada! Ótimo…
Não olha nem seu próximo
Parece até bicho do mato, moço!

Vive a sete chaves em sua própria casa
Isola-se. Única falha
Sua residência toda rodeada de rede elétrica
Igual quartel general, tanto a parafernalha.

Metamorfoseou-se; virou a sensação
Pinta o cabelo, a sobrancelha
Estica-se com botox; se abrutalha
Faz lipoaspiração.

Sua vida é criar sofisticação
Tem microondas pro rango descongelar
Come às vezes self-service no jantar
Comida pronta e ostentação.

Compulsivo nas compras; não chora
O cartão de crédito da hora
O bom mesmo é se endividar
Gasta o que não dar.

Viva o capitalismo!
Sua vida é consumismo
Quiçá chegue a algum lugar
Onde será que vai parar?

Ligado ao celular 24h; é uma praga
Não sabe viver mais sem o tal
No carro, o falatório periga
Ele pira geral.

Sua rotina é um ócio
O game seu negócio
Cantando no Karaokê
Quer mais, ou tá de convessê?


(Lourdes Limeira)


voltar última atualização: 09/11/2010
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