A Garganta da Serpente

Lorena Renda

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Quero equações elementares
Para todas as forças vitais circundantes
decidi que quero desafios universais
Quero o desafio de ser tudo
De consumir a mim mesma
Assim como toda matéria
Estar pedra ser sol vestir vento
Mergulhar em profundidades
Emergir impulsionada por vetor invisível

seduzir minha imagem
Pelo desejo de ter-me em essência

Assistir por engano, como se não soubesse
à estréia do meu próprio espetáculo
"o fim aponta para o inicio"
diria o cartaz...
e num estalo como que por coincidência
criticar por teorias de números-letra.

Não me dê imagens
Quero imaginário

Quero fechar os olhos e sentir num arrepio
Tudo que me é explicito
...
A imagem só me restringe e diminui
Não me diga que só posso ser imagem
Não quero, não consigo e tomei como desafio
Sou sensivelmente cega do cético sentido
Não diga que não posso!
Quero o prazer tátil inconseqüente
Estou alheia a toda imagem surda evasiva
Quero a pluralidade luminosa da cegueira

Minha imagem de tão iluminada desapareceu
Por excessivo tempo de exposição
ILUMINOU
Diafragma escancarado subiu aéreo
Ascendeu... voou ..
tão rapidamente
Sentiu prazer orgástico gelado
Frio dos pés ao ventre
Sou máquina às avessas
Aquela que dispersa imagens
Nada contêm,
Sublima o potencial
Dimensionalmente livre de restrições

livre nas alturas

Por alguns segundos (perdoa-me a falta de unidade mais coerente) o tempo parou e numa inspiração faltou-me o ar
pois nada era matéria, só ilusão, e tudo era consciência, tudo era fluxo,
o próprio fluxo de vida, consciência da própria infinitude e da sua coerência imaginaria,
Nesse eco de realidade pulsante, a compreensão maior por experiência.
Existencialmente livre por entender-me presa a tudo que me envolve
A queda é ascensional
Senti tanto que para não enlouquecer
em pleno vôo
Abri os olhos
concretizei sonho em imagem
Só ai então por toda coragem que me faltara
o tempo continuou...
o espetáculo não pode parar...


(Lorena Renda)


voltar última atualização: 17/06/2010
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