A Garganta da Serpente

Lorena Renda

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Atormentada inveja laços

Desamarrei as fitas presas em laço,
e o cetim brilha dançando solto ao vento.

A música é lenta e quase patética,
melodicamente soprando sinestesia.

Não foi criada para os ouvidos,
nem pelos ouvidos...

...dois corpos dançam...

e sentem na música o silêncio da dança,

os sentimentos e os movimentos nascem de parto prematuro.

o mundo/útero que os envolve não suporta vê-los arder na solidão.
Solidão de quem não dança.

dança!
Dança sozinho, a coreografia feita e ensaiada pela multidão.

Esqueçam a coreografia!
Pelo menos um pouco!

E por pouco ...

Por pouco a dança foi a música...

Se solta...

laço

Expresse na sua melhor forma!
na possibilidade daqueles que não sabem se expressar...

Só podem como uma tempestade torrente,
Transformar em estrondo, barulho, vento, em luz e em rajadas ... toda energia contida...

Nas nuances do céu desesperado que comove.

Não se agüenta por se perder no contraste do branco reluzente no preto mais certo.
Sem tropeçar no cinza...
Vive extrema emergência!
Mesmo assim expressa (minha, sua e dele)

ENERGIA!

Rasgando e deformando o meio com a luz.

Transformei em lágrimas o que o céu transformou em chuva.

Só aí me senti livre para ser o que sou;
Potencialmente capaz de ser o que ainda não sou,

Ele me fez ver em raios e tormenta
a expressão ...

Sem música, sem barulho, sem tempestade amarrei os laços em fita molhados pela chuva de lágrimas e o cetim escureceu...
Não brilha.

Irritaram-se por conhecer a liberdade.
E eu me irritei com tamanha felicidade.
Prefiro deixá-los viver de memórias...


(Lorena Renda)


voltar última atualização: 17/06/2010
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