UMA SINTAXE DE ÁGUAS
Águas não verbam,
águas não tem sintaxe,
águas lavam,
matam a sede,
escorrem,
purificam,
limpam os pruridos,
fermentam levedos
e cristalinas caligramam sentidos,
desempalham narcisos
do louco pouso de tua boca,
lavam até fundas olheiras
quando refletidas,
porque moendeiras,
também, lambem as pedras limeiras,
quando em sintaxe de corredeiras
se infiltram em fugas,
pelos verbos do chão.
Mas, quando mal tocadas
não giram moinhos,
mas, moendam novos linhos d'água,
enquanto os discursos escorrem em
sintaxes, de pedra sabão!
(Lilian Reinhardt)
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