A Garganta da Serpente

Lílian Maial

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EU TENHO UM RIO

eu tenho um rio que brota de dentro
e traz à tona o que foi sedimentar

tenho margens estreitas, correnteza furiosa
sem escolhas, apenas desaguar

invado e erodo, aliso cascalhos
até escorregar no limo do verbo

eu tenho um rio que leva as paredes
que se erguem em meio ao lixão da poesia
e soterra a palavra viva

eu tenho um rio de inundadas faces
e chovo poemas de sangue

eu tenho um Rio de Janeiro no peito estiado
e expio a falta da lembrança do teu rosto


(Lílian Maial)


voltar última atualização: 19/01/2011
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