A Garganta da Serpente
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Hoje...desisto!

Hoje não estou, não me sinto! Não me existo!
Fechei-me na concha, bem no fundo do mar,
Apenas olho em redor e me limito a odiar,
Já que amar não me é possível...desisto...!

Desisto de procurar o que sei que não vou encontrar;
Desisto de tentar acabar o que nunca começei,
O que apenas sonhei e, sem sequer ter, tanto amei,
Tanto desejei, como a lua que deseja o mar...

Hoje não penso, apenas relembro o que já passou!
Não choro, apenas me escorrem lágrimas de dor
repletas de sonhos dilacerados e feridas de amor!
Hoje não sou eu, sou ninguém que em mim estagnou...

Hoje é como um ontem, como um amanhã
já tão vivido, sentido, tão perdido e esquecido;
Hoje é uma página branca no meu livro entorpecido
onde guardava as minhas mágoas pela fria manhã...

Hoje sou o nada, sinto o nada!E o nada é tudo isto
que vejo, que sinto..que futuramente verei e sentirei
na vida vazia que levei e forçosamente levarei...
Ontem tentei, joguei e perdi!...Hoje...Desisto!...

(28-02-2004)


(Liana)


voltar última atualização: 09/05/2004
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