A Garganta da Serpente

Letícia Rodrigues

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Por esses dias...

"Um dia me disseram que as nuvens não eram de algodão
Sem querer eles me deram as chaves que abrem esta prisão"
O que era raro virou comum.
Pude ver a vida como ela realmente é.
Descobri que nossos heróis nasceram para perder.
Que nem tudo é como a realeza pensa ser.
Que há gente triste e oprimida.
Que não existe mar de rosas.

E tudo ficou tão claro, um intervalo na escuridão.
Não tenho mais certeza de um amanhã depois do hoje.
Será que existe mesmo um paraíso, ou não passa de alegria para tolos?
A vida como ela é: Nua e crua, salgada e acre.
Não há mais uma visão limitada da realidade.
Somos apenas o que nos deixam ser.
Não entendemos mais do que nos é permitido.
"Não é mais como era antigamente".
Que ninguém tem a cura para este câncer.
Que a morte sem glórias é certa.
Que a esperança, que deveria ser a última a morrer já esta enterrada.
Que nada mais podemos fazer que entregarmo-nos ao ócio e sepultarmo-nos, uns aos outros na ignorância.
Que mesmo nos mais belos bosques existem ninfas fingidas.
Que desde aquele dia é tudo monocromático, eles nos têm pervertido as cores.
Tiraram nossa inocência a punhos de ferro.
Não há mais nada agora além dos versos que acabo de escrever.
Não existe futuro que não seja o pouco que me resta esquadrinhando as raras linhas que me sobram neste papel maltratado e o fim desta tragédia.
Que é assim que acaba todo e qualquer conto de fadas, não há final feliz.
Que há somente um céu escuro e cinza no horizonte.
Apenas um céu de dor...


(Letícia Rodrigues)


voltar última atualização: 16/09/2007
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