A Garganta da Serpente

Leticia Beze

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O corpo longe demais

Desencontrei-me por hábito
Cumplicidade não é amor
Não te conheço mais do que o instante de te ver
Loucura foi perda de tempo
Mas e a sanidade?
Os uivos refizeram a razão
Hei de sangrar os ventos
E de tempestades construir minhas atrocidades
E depois do vôo vem a queda
Caminhar? Não vale a pena
E as asas? Caíram?
Já não sei das fadas
Quero a originalidade do absurdo
Emoções paralisadas são comuns
Se os anticorpos estão armados
Como matar o corpo com palavras?
A angústia é o que cala
Estátua do nada, inexpressiva
Presa na sala vazia e sem paredes
Seu limite é o nunca e o talvez
Na cilada foi dopado o verbo
Como tirar das armas os gatilhos?
De que ris?


(Leticia Beze)


voltar última atualização: 25/03/2004
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