MORTE
Doce brisa do tempo
Dama pálida, imprevisível
Olhos de fogo que cospem meu rosto
Inevitável ?
Por quê não ?
Presas abertas, me esperam sentadas
Numa ilha de solidão coletiva
Remédios, armas, meu cigarro
O fio da espada do século XV
Vômito displicente da vida, e ainda linda
Mosquitos e luz
Céu e inferno
Ninguém escolhe sua nova vizinhança
Enquanto Henrique IV crucifica outro messias
Vestido de amarelo, passeio pela praça, confiante
Sorrio ao escarro do povo
Me sinto jovem de novo
E essa rima não foi proposital
Incidente da existência
Ciclo fechado, concêntrico
Cápsula de vida embebida em sangue
Uma nova canção
Um novo começo ?
Apenas a fogueira, que brilha
Como os olhos de minha amada
Que talvez me leve ao paraíso
Mesmo que ele não exista.
(Leo Bitarelli)
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