À deriva
Pego nas pernas tuas, muito nuas,
Mais nuas do que eu pude imaginá-las;
Têm a textura, as pernas muito tuas,
E o mistério de sedas e de opalas...
Ali, as minhas mãos viram faluas,
E a tua pele, o mar a carregá-las
Na correnteza que há nas pernas tuas,
Mais tuas do que eu pude imaginá-las...
E as minhas mãos, que já não são mais minhas,
Seguirão pelas ondas, distraídas,
Que o mar das tuas pernas me concede,
Até tu decidires (pobrezinhas!)
Largá-las nalgum mar de despedidas,
Envoltas d'água, mas mortas de sede!
(Lenin Bicudo Bárbara)
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