Soneto de um dia de chuva
Precipita-se uma gota, outra após,
Logo outras mais, e muitas em seguida.
Desaba a chuva sobre todos nós,
Na rua da esperança adormecida...
Desaba aos cântaros, rude e veloz,
E segue do vento a aberta ferida.
Dança, mas é uma dança retorcida,
Estranha dança que se dança aos nós;
E os coitados que nela vão se achando
Repetem essa mesma estranha dança
À medida que saem para rua.
É que tudo o que têm se está encharcando -
Roupas, móveis e casas; e a esperança
Que dorme enquanto a chuva continua!
(Lenin Bicudo Bárbara)
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