INCONFORMIDADE
Quanto mais caminho, adentrando uma sociedade pouco amigável...me destruo
vagarosamente.
Vou por aí, conhecendo estações e aumentando o meu medo
de arriscar.
Canso a cada passo que dou adiante. A exaustação vem chegando,
o quão mais profundamente envolvida me encontro.
Me visualizo num local privilegiado, porém, de pernas, braços
e bocas atados.
Presa na própria armadilha.
Antes tivesse prejudicado alguém, mas não carregar esta farda
é uma forma de alívio.
Hoje, a dor é saber de coisas que não gostaria e nem questionaria.
E cada minuto vivido acaba se tornando desgastante ou até aterrorizante.
Os segredos que mantenho são aquilo que sou. Me bate um arrependimento
repentino por ter, durante tanto tempo, escondido o melhor, a essência.
Algo estranho, uma forma de defesa, fuga da fraqueza.
Já não sei bem o que fazer. Como alguém tão preso
pode querer se movimentar?
(Caldas Novas - 12/12/2004)
(Leiliane Valadares)
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