A Garganta da Serpente

Leandro Ilek

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LÂMINAS

Eu vi os anjos brincando na minha varanda,
Eles tinham asas de seda e cantavam músicas celestes.
Anjos, tragam minha vontade de viver.

Lua de sangue, Lua sangrenta,
Dê-me a escuridão da noite sombria,
Onde não penso, somente durmo,
E os relâmpagos cortam o céu como flechas errantes.

Eu sou um garoto, meus pés doem,
Eu sou uma garota, meus vestidos se rasgam.
Era tão bonito sonhar, eu acreditava em sonhos,
Acreditava que um dia seria feliz.

Sinto em minha pele, o vento sopra sobre as feridas,
Elas sangram, eu lamento minha vida doentia,
Numa cama eu perco minha virgindade,
No mundo perco minha pureza e minha alma.

Pai, já vi uma arma na sua mão,
Mas pensei que era um brinquedo,
O barulho assusta.
Mãe, se pudesse me amar...
Como meu presente teria sentido.
Deus, eu pensei que seria livre,
Mas para tudo eu precisava de dinheiro
que perdi a vontade de ser livre,
Perdi meu jeito livre de pensar.

Eu, um dia vi anjos na minha varanda,
Eles tinham asas de seda e punhais na mão,
Eles se cortavam em brincadeiras maduras mas sangravam como crianças.


(Leandro Ilek)


voltar última atualização: 20/08/2001
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