A Garganta da Serpente

Leandro Duarte

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

De Resto: O Tripúdio

Na garganta de quem está vivo, o lacerar da ética da submissão sai boca a fora; um único-particular momento de congratulação, no qual todos os seres imaginários se fazem inferiores: nossos braços se erguem e rouba-nos, na indecência pura, a lembrança divina e corporal; somos uma mente saltitante, sem tempo sem documento, reunindo as feições distorcidas dos nossos, não menos esquizofrênicos, vencidos rivais. Sejam eles físicos, sensitivos ou visionários. Mas é no desatar da forca prometida, no derrubar dos leões inimigos, que o antegozo precede o gozo que por sua vez é sobreposto por um relevante desregramento emocional. E toda essa euforia individual se transpassa pelos sofismas do sorriso, o olhar estupefato, no cintilar de um novo semblante o qual, pode-se jurar, parece não conhecer nem de vista a decadência, muito menos as desilusões amorosas. Estourem, então, as cervejas no meu peito, pois quero suprir esses alegres tragos com um beijo enamorado, e se conseguir, amanhã, na substantiva ressaca em tripudia, vencer vivo; e me arrebentar nas comemorações.

(31/01/02)


(Leandro Duarte)


voltar última atualização: 08/06/2004
6538 visitas desde 01/07/2005
Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente