A Cidade e O Seu Ondular
Olhe como é lindo o vôo dos pássaros,
Veja como é leve o seu vôo.
De certo não passam desapercebidos,
Soltando seus grunhidos agudos
Oriundos do prazer de voar.
Deixe uma brecha na cortina, ou arregace-a;
Tenho que ver o céu nesse último dia.
Sempre gostei dos ruídos da metrópole,
Do cinza-azulado do firmamento poluído.
Os dias de perigo,
As fatalidades dos descuidos;
O céu sempre zeloso (às vezes zangado)
Mas insípido com os meus medos.
O assalto, a covardia, o malquerer violento,
Um chute no rabo da sensibilidade.
Ser humano já virou estereotipo
Para definir essa raça sangrenta!
Tem-se raiva, tem-se ciúme, tem-se amor.
A cidade com seu céu entrecortado
Por arquiteturas das mais diversas
Fisgou-me por suas fulguras das avessas.
A cidade cheia,
Os edifícios lotados,
A arquitetura desvairada;
Um corre-corre apaixonante.
As casas sem dono,
As camas vazias,
Os quartos/salas desolados,
O ambiente fechado, delirante.
Grandes vãos.
O cheio, o vazio.
O resto de construção,
As sobras dos espaços.
Gente por todos os lados,
A maioria: uns mal-educados.
A balburdia dos transportes,
A loucura alheia, as mortes!
Sim! As mortes sem sentido,
A vida sem sentido da massa urbana,
A organização social desumana
Dá um fim ignóbil à libido.
(Leandro Duarte)
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