A Garganta da Serpente

Leandro Dias

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

Homem-Veneno

Quero-te como anjo
Te tenho como veneno
Tu me fazes mortífero entre os homens
Enlouqueces o que chamam de corpo
A minha alma perturbada
Teu beijo, meu vício
Provoca-me imobilidade
Com tua essência me tornas escravo
Me controlas sem piedade
Se peço-te água
Tu me mandas fogo
Se em brasas te cobiço
Em chamas tu me deixas.

Anjo! Anjo! Chamo-te agora.

          Não me chame de anjo
          posso ser seu bem, seu mau
          serei o que quiser,
          mas anjo seu, não!
          Você conturba o meu pensamento.

Aceito teu jeito infernal
Tua fase água, teu estado gelo,
Mas tua face angelical
Não sei se essa, posso querer.
Tu me transformaste em pecado...
          gostoso pecado animal
          por que insiste em chamar-me de anjo?

Me deixaste pior que teu veneno,
Sou gavião, tu és a cobra.
O anjo que eu desejava foi embora
Agora sou fogo e labareda...
          Não mais do que meu suave prazer.
Mais do que, meu autor, tua obra
Sou o teu Homem-Veneno.

De seu corpo
fez-se vinho e máscaras
fez-se um mito, um carnaval.


(Leandro Dias)


voltar última atualização: 27/11/2006
6053 visitas desde 27/11/2006
Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente