Saudade, Luto e Medo
Todos os malévolos pergaminhos
dos meus poetas mortos
repousam silentes e frios na mesa.
Eu, quieto à mesa, degusto o silêncio deles.
E lembrando-me calmamente deles,
decomponho-me em lágrimas amortalhadas.
As capas duras ali deitadas sonham
onde estão todas as linhas por onde meus olhos passearam.
enquanto os raios da janela passeiam por elas
e eu, com resígnio, sinto o sono me selar.
As palavras sábias de antes;
"Libertar-se-á nunca mais"
"A consciência humana é este morcego"
"Fora da Ordem traça nossos destinos"
"tal como a voz de um morto"
mandam-me lembranças aos nervos
dolorosas como tumores epilépticos
de saudade, luto, e medo.
(Landim Neto)
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