A Garganta da Serpente

Landim Neto

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Saudade, Luto e Medo

Todos os malévolos pergaminhos
dos meus poetas mortos
repousam silentes e frios na mesa.

Eu, quieto à mesa, degusto o silêncio deles.
E lembrando-me calmamente deles,
decomponho-me em lágrimas amortalhadas.

As capas duras ali deitadas sonham
onde estão todas as linhas por onde meus olhos passearam.
enquanto os raios da janela passeiam por elas
e eu, com resígnio, sinto o sono me selar.

As palavras sábias de antes;

"Libertar-se-á nunca mais"
"A consciência humana é este morcego"
"Fora da Ordem traça nossos destinos"
"tal como a voz de um morto"

mandam-me lembranças aos nervos
dolorosas como tumores epilépticos
de saudade, luto, e medo.


(Landim Neto)


voltar última atualização: 13/05/2001
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