Vaga pressa
Dentro de sua cela jaz o velho escrivão
pena na mão, a registrar versos velhos
enrugados reflexos de seu espelho
já sem anseios, perspectivas ou noção.
À luz trêmula de uma vela ele força
insistentemente a sua decrépita visão
tão míope e fraca que o tempo se apossa
dele como sangue a sorrir no chão.
E antes que amanheça ele escreve com vaga pressa
correndo com letras ruins e mãos tremendo
o Escrivão completa o seu poema sabendo
que o sol destruirá a (de trabalho) sua peça:
- A valiosa vida.
(Landim Neto)
|