A Garganta da Serpente

Landim Neto

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Vaga pressa

Dentro de sua cela jaz o velho escrivão
pena na mão, a registrar versos velhos
enrugados reflexos de seu espelho
já sem anseios, perspectivas ou noção.

À luz trêmula de uma vela ele força
insistentemente a sua decrépita visão
tão míope e fraca que o tempo se apossa
dele como sangue a sorrir no chão.

E antes que amanheça ele escreve com vaga pressa
correndo com letras ruins e mãos tremendo
o Escrivão completa o seu poema sabendo
que o sol destruirá a (de trabalho) sua peça:

- A valiosa vida.


(Landim Neto)


voltar última atualização: 13/05/2001
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